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Por Alex Sandro Gomes

Os canais de televisão têm a função de transmitir conteúdos em formatos esteticamente agradáveis e com apresentação que facilita a assimilação. A multimídia dos programas de televisão permite apresentar conceitos combinando suas representações, o que cria uma situação de aprendizagem reconhecidamente efetiva e de amplo alcance.

Nas últimas décadas o Brasil manteve políticas contínuas de fomento e manutenção de uma rede de emissoras de TVs educativas. Consultando dados da Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (ABEPEC), entidade brasileira de direito privado e sem fins lucrativos, é possível identificar 21 emissoras de televisão de caráter educativo e cultural, não comercial, distribuídas por todas as regiões brasileiras.

Uma das emissoras que merece destaque é a TV Escola, televisão pública do Ministério da Educação (MEC) transmitida via satélite, antena parabólica e cabo, criada em setembro de 1995 e que foi ao ar oficialmente para todo o Brasil em 4 de março de 1996. A emissora surgiu com o objetivo principal de contribuir com a formação de professores (BELLONI, 2003). É a, feita para todos aqueles que querem e gostam de aprender. O canal também promove a capacitação e atualização permanente dos professores do Brasil.

Na década de 1990 houve uma ampla difusão do audiovisual com distribuição de equipamentos para gravação das emissões. Nas escolas públicas o MEC distribuiu equipamentos para o registro e reprodução de vídeos. O projeto da TV Escola permitiu a criação de um canal de televisão em que seriam exibidos programas educativos de forma contínua. Hoje os conteúdos são distribuídos em formato digital pela Web. Diversos canais lutam para que os ideais da TV educativa continuem a promover educação de forma aberta no Brasil (VALENTE, 2009; SILVA JÚNIOR, 2013) (Quadro 1).

Quadro 1. Alguns canais educativos abertos no Brasil

Nome Gestor Endereço na web
ABEPEC www.abepec.com.br
Canal Futura Fundação Roberto Marinho
(Rede Globo e Globosat) (Grupo Globo)
www.futura.org.br
TV Brasil Empresa Brasil de Comunicação (EBC) tvbrasil.ebc.com.br
TV Cultura Fundação Padre Anchieta
Centro Paulista de Rádio e TV Educativas
tvcultura.cmais.com.br
TV Escola MEC tvescola.mec.gov.br

O conteúdo dos canais educativos, no formato de programas e séries, é uma inesgotável fonte de informações e oportunidades para promover mudanças na cultura das escolas e uma renovação das práticas de ensino através do incentivo à formação continuada de professores.

As práticas de ensino baseadas no conteúdo de canais de TV impactam a cultura e promovem desenvolvimento e aprendizagem de uma forma muito peculiar. Diferente dos efeitos de uma aula, em que podemos medir a aprendizagem momentos depois ou através da avaliação, o efeito da aprendizagem por meio da TV pode acontecer numa escala de tempo de anos ou décadas. Significa dizer que o conteúdo da programação que assistimos promove mudanças nos hábitos e nos comportamentos a longo prazo.

Os efeitos e a efetividade da TV na mudança de habilidades ou mesmo de comportamentos são percebidos apenas ao longo de décadas (CHONG & LA FERRARA, 2009; CHONG, DURYEA & LA FERRARA, 2008). Portanto, é importante que esses conteúdos sejam assistidos com frequência e ao longo de anos para que alunos e professores possam transformar os conteúdos em novas habilidades, crenças e práticas.

A evolução das tecnologias em novas ‘ondas’ é cruel com as tecnologias educacionais e não é diferente com os canais de televisão educativos. Antes que pudessem ser apropriados de forma adequada, esses canais ‘envelheceram’ e perderam espaço, presença, convencimento. A tendência é que caiam em desuso.A TV educativa no Brasil tem uma longa história de contribuições positivas para a Educação. Mesmo com seu histórico positivo para a aprendizagem e a formação de professores, a TV educativa vem sendo posta em segundo plano nas instituições de Ensino Básico (SILVA JÚNIOR, 2013).

Apesar do pungente predomínio das tecnologias digitais de comunicação e informação (TICs) em nosso cotidiano – concentrando o debate sobre tecnologias na escola para si -, as tecnologias do audiovisual, no formato de TV educativa, podem e devem permanecer de forma contínua nas escolas do país. Assim, deveríamos promover e manter os canais educativos sempre sintonizados e os aparelhos de TV ligados para o acesso dos alunos, dos professores e de toda a comunidade nas escolas.

É preciso pensar em formas criativas para manter esses canais ligados na escola e incluí-los nas práticas de ensino e aprendizagem. Afinal, eles continuam sendo importantes meios de comunicação em nossa sociedade e precisam ser compreendidos pelas novas gerações.

Referências:

BELLONI, MARIA LUIZA. A TELEVISÃO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES. EDUCAÇÃO E PESQUISA, V. 29, N. 2, P. 287-301, 2003.

CHONG, ALBERTO.; LA FERRARA, ELIANA. TELEVISION AND DIVORCE: EVIDENCE FROM BRAZILIAN NOVELAS. JOURNAL OF THE EUROPEAN ECONOMIC ASSOCIATION, V. 7, N. 2‐3, P. 458-468, 2009.

CHONG, ALBERTO; DURYEA, SUZANNE; LA FERRARA, ELIANA. SOAP OPERAS AND FERTILITY: EVIDENCE FROM BRAZIL. VOL, 2008.

SILVA JUNIOR, L. F. HAVERÁ TV PÚBLICA NO BRASIL? ANÁLISE DO PAPEL DA TV EDUCATIVA BRASILEIRA PARA COMPREENSÃO DOS RUMOS DA TV PÚBLICA. DISSERTAÇÃO (MESTRADO EM COMUNICAÇÃO) – UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI, SÃO PAULO, 2013.

VALENTE, JONAS CHAGAS LÚCIO. TV PÚBLICA NO BRASIL: A CRIAÇÃO DA TV BRASIL E SUA INSERÇÃO NO MODO DE REGULAÇÃO SETORIAL DA TELEVISÃO BRASILEIRA. DISSERTAÇÃO (MESTRADO EM COMUNICAÇÃO) – UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, BRASÍLIA, 2009.

 


Alex Sandro Gomes

Doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Paris é professor no Centro de Informática da UFPE e líder do grupo de pesquisa Ciências Cognitivas e Tecnologia Educacional.

2 comentários

Lya botler · 1 de julho de 2015 às 23:50

Nosso objetivo é divulgar no capitulo de saúde bucal inovação e tecnologia na atenção primaria sobre prevenção de maloclusões ,hábitos ,respiradores bucais e apneia do sono na infância e adulto.Realizamos na tutoria do NUTES UFPE videoconferências sobre a matéria e n nosso site lbotler.odo.br

    Lya botler · 1 de julho de 2015 às 23:59

    É de suma importância manter as TVs educativas pelo alcance social de inclusão ao divulgar conhecimento a distancia em condições precárias de educação e saúde
    .

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