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Comunicação com tecnologia

Em abordagens tecnocêntricas de ferramentas de comunicação muitas vezes surgem perguntas do tipo: “como usar o celular em sala de aula?” ou “como usar as redes sociais em sala de aula?”. De uma forma geral, perguntas abertas ajudam muito pouco a compreender o real sentido das tecnologias no ensino e a orientar sobre sua incorporação na prática docente.

Por outro lado, imagine o seguinte cenário:

Uma professora, ou um professor, pede para os estudantes entrevistarem alguém fora da escola. Eles ligam para o local de trabalho do futuro entrevistado usando o celular e agendam um primeiro encontro. Gravam a entrevista no dispositivo usando um aplicativo chamado Easy Voice Recorder e compartilham o arquivo da gravação com o grupo de colegas usando o aplicativo Whatsapp. Na manhã seguinte a turma está reunida na escola, em torno de um computador, utilizando um editor de texto para preparar o relatório a ser entregue ao professor. Surge uma dúvida sobre o formato do relatório. Os estudantes então formulam a pergunta no ambiente online criado pelo professor para atender a turma: a rede social Openredu. O professor orienta a dúvida via rede social. Ele também explica que a entrevista deve ser postada no blog da matéria para figurar próximo de outras entrevistas feitas por alunos de outras turmas e mesmo de outras escola. O resultado é uma enorme fonte de relatos de experiência.

O propósito de uma atividade como essa é produzir uma entrevista e apresentar aos outros colegas. Para isso os alunos precisam desenvolver uma série de estratégias para alcançar o objetivo principal. Essa sequência de outras pequenas atividades pode ser potencializada através de ferramentas computacionais que ajudam a constituir a estrutura e tornar significativo o contexto de interação entre pessoas. Essas ferramentas podem servir de meio para mediar a atividade social em questão.

Mídias digitais ajudam a estruturar ‘espaços virtuais’ de troca e colaboração entre alunos e professores que passam a exercer sua presença pedagógica por meio de formas variadas de comunicação. Neste grupo figuram ferramentas como redes sociais, mensagens instantâneas, SMS (mensagem pelo celular), listas de e-mail ou fóruns. Esses recursos possibilitam a comunicação através de gêneros textuais digitais diversos, combinados entre professores e alunos.

A comunicação pode ser instantânea ou diferida no tempo. De forma geral, elas ampliam a gama de experiências de aprendizagem entre pares e professores. A função das ferramentas computacionais reside em permitir criar gêneros que sem elas não seriam possíveis.

Imagine agora a situação seguinte:

O professor solicita aos grupos de alunos que realizem reportagens sobre a participação das equipes da escola nos jogos estudantis  em seu estado. Um dos grupos inicia a cobertura da modalidade basquetebol. Tomam nota da agenda e ao longo de duas semanas assistem aos jogos da equipe. Durante os jogos fazem transmissão ao vivo com o aplicativo Periscope. O trabalho foi publicado em um blog no qual cada postagem resumia um jogo específico, ilustrada com fotos e links para as transmissões ao vivo via Periscope.

O poder de transmitir um evento a partir do celular para milhares de pessoas é um fenômeno comunicacional inimaginável sem celulares e mídias sociais. Aprender a criar blogs que atraiam audiência é um desafio de formação que as tecnologias ajudam a desenvolver. O conjunto dessas ferramentas permite uma ampla gama de interações intra e inter grupos.

A escolha das ferramentas pode ser feita pelos próprios alunos. São as necessidades do grupo que orientam essas escolhas. A apropriação ocorre no uso e cabe ao professor ajudar a construir sentido para as relações entre a forma de produção das mídias e os seus efeitos.

Referências

LIBÂNEO, José Carlos. A didática e a aprendizagem do pensar e do aprender: a teoria histórico-cultural da atividade ea contribuição de Vasili Davydov. 2006.

 


Alex Sandro Gomes

Doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Paris é professor no Centro de Informática da UFPE e líder do grupo de pesquisa Ciências Cognitivas e Tecnologia Educacional.

2 comentários

Fernanda Bivar · 21 de agosto de 2016 às 06:12

Estou fazendo uma pós em Novas Tecnologias na Educacao. No primeiro módulo trabalhamos com esse tema, fiquei encantada com a possibilidade de levar a sala de aula além do espaço físico.

    Alex Sandro Gomes · 21 de agosto de 2016 às 22:55

    Olá Fernanda. Que bom! Fico muito feliz que estejas realizando uma transformação. Só conseguiremos atingir novos e melhores patamares quando mudarmos nossas práticas. Parabéns pela iniciativa e obrigado pela confiança em compartilhar o teu momento. Desejo muito sucesso para você e teus pares!

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